A possibilidade da nossa salvação (Lc 2.6,7)



Eu gosto muito de ler sobre a história da igreja. Desejo aprender com os meus irmãos que viveram no passado. Afinal, a igreja não nasceu ontem; ela tem, aproximadamente, dois mil anos de existência, e, portanto, uns dois mil anos de história, de ensinamento, de luta, de aprendizado, de perseguição, de martírio, de crescimento, enfim, de experiência com a qual eu e você podemos aprender. Podemos aprender com a história da igreja e de seus homens e mulheres, santos de Deus que viveram antes de nós, e, que, em muitas ocasiões, deram a própria vida por causa do testemunho de Cristo.
Um dos acontecimentos relevantes para a história da igreja foram os debates, e um dos grandes debates que surgiu dentro da igreja, logo nos primeiros séculos da sua existência, foi o referente à pessoa de Jesus. Os primeiros cristãos, por não terem toda a Bíblia em suas mãos, tinham algumas questões acerca de Jesus. Apesar de já serem salvos, e de já terem experimentado o poder do Espírito Santo, eles não sabiam dizer se Jesus era tão somente Deus ou simplesmente um homem bom que foi usado por Deus. Por isso, houve vários anos de debates e de conversas sobre a pessoa de Jesus.
Como não é propósito comentar detalhes desse debate, e, sim, pensar acerca da nossa própria salvação, eu quero considerar um pensamento que surgiu nos primeiros anos da existência da igreja. Algumas pessoas, crentes nascidos de novo, começaram a dizer e a ensinar que Jesus não era perfeitamente homem; antes, eles diziam que Jesus era tão somente Deus. Eles afirmavam que Jesus era apenas um espírito que tinha uma aparência de corpo. Para eles, Jesus era uma espécie de fantasma, e, jamais poderia ser considerado um homem como eles eram homens.
Esse pensamento, tão logo surgiu na igreja, começou a ser debatido pelos cristãos. Eles decidiram verificar se essa informação acerca de Jesus era totalmente bíblica. Debruçados sobre os evangelhos, eles descobriram que aquela informação acerca de Jesus estava errada, pois Jesus não era apenas perfeitamente Deus, mas, também perfeitamente homem: Jesus era, ao mesmo tempo, completamente Deus e completamente homem.
Os cristãos puderam fazer essa verificação, da humanidade de Jesus, lendo a Bíblia, especialmente os textos que narravam o nascimento de Jesus. No evangelho de Lucas, por exemplo, nós temos o seguinte texto: ?Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria? (Lucas 2.6,7).
Refletindo sobre esse e outros textos acerca do nascimento de Jesus, os cristãos puderam descobrir a grandiosidade do plano de Deus para a salvação dos homens. A salvação dos homens só se torna possível se o Salvador também for homem. Só pode trazer salvação plena aos homens o Salvador que enfrentou, plenamente, todas as situações e limitações pelas quais os homens passam. A salvação da humanidade só pôde acontecer porque Jesus também experimentou a humanidade: ele nasceu de uma mulher, dependeu do leite materno, precisou da proteção da família, careceu dos recursos dos pais, passou por limitações, sofreu com as tentações, enfim, foi gente como a gente. Portanto, por causa da nossa salvação, devemos recordar o nascimento de Jesus.

1 ? Devemos recordar que Jesus nasceu como o homem
Jesus não apareceu, de repente, no meio da sociedade, já como homem adulto. Ele não desceu do céu como se fosse um anjo, já aparentando a idade de trinta anos. A Bíblia diz que enquanto José e Maria estavam em Belém, ?chegou o tempo de nascer o bebê [Jesus], e ela [Maria] deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura? (Lucas 2.6,7a).
Jesus nasceu como os homens nascem. Ele nasceu de uma mulher, careceu do leite materno, precisou da proteção dos pais e dependeu de várias pessoas para crescer e se desenvolver. Jesus foi plenamente homem, assim como nós somos plenamente homens. E a recordação do nascimento de Jesus é extremamente importante porque nos faz lembrar que Jesus nasceu como o homem nasce e experimentou as fragilidades que o homem experimenta.
Verdade é que o ser humano, geralmente, não gosta de ser lembrado das suas fragilidades. Ele esconde as suas fragilidades das outras pessoas. Ele não gosta de se mostrar frágil ou dependente de outros; ele não gosta que os outros lhe digam o que fazer; ele não gosta de precisar da ajuda de ninguém.
Essa, sem dúvida, foi uma das minhas dificuldades durante a minha recuperação pós-acidente: eu precisei aprender a depender de todas as pessoas, inclusive para me alimentar e tomar banho. Esse tipo de situação foi usada por Deus para começar a quebrar o meu orgulho, o meu senso de auto-suficiência e o meu desejo por completa independência. Deus me levou a depender dos outros, como uma criança depende completamente dos seus pais.
Jesus, ao vir ao mundo, ao nascer como os homens nascem, passou por todas essas experiências de limitações e fragilidades. Contudo, diferentemente de mim, que, diante das limitações e fragilidades, por vezes, pequei com murmurações, Jesus não pecou jamais. Ele, sendo bebê, permaneceu completamente dependente de Deus e dos seus pais; da comunidade e das pessoas que estavam ao seu redor. Ele se submeteu inteiramente ao propósito de Deus, tornando-se homem, nascendo como o homem nasce, e, por isso, sendo, com toda a propriedade, o suficiente Salvador da humanidade.

2 ? Devemos recordar que Jesus nasceu em um contexto social

Ao nos lembrarmos do nascimento de Jesus, nós nos recordamos de que Ele nasceu dentro de um contexto social já estabelecido. A Bíblia nos diz que ?enquanto eles [José e Maria] estavam lá [em Belém, por causa do recenseamento ordenado por César Augusto (Lc 2.1)], chegou o tempo de nascer o bebê [Jesus], e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria? (Lucas 2.6,7).
Quando Jesus nasceu, como homem, o mundo já existia, os judeus não eram totalmente livres, a Palestina estava debaixo da dominação romana, os seus pais estavam na cidade de Belém, as hospedarias estavam lotadas e ele se encontrava deitado em uma manjedoura, num cocho de animais.
Muitas pessoas, por se esquecerem de como se deu o nascimento de Jesus, imaginam que o mundo só contêm glamour, as coisas são relativamente fáceis, as pessoas são todas iguais, os homens se respeitam e todos convivem, verdadeiramente, em um contexto de unidade. Mas, quando nos lembramos do nascimento de Jesus, essas idéias equivocadas se dispersam. Percebemos que existe um contexto social, um mundo ao nosso redor que precisa de salvação.
O nosso mundo continua muito parecido com o mundo que Jesus encontrou quando nasceu: cheio de guerras, de lutas, de competições, de disputas, de desigualdades, de misérias e de pecados. O próprio Senhor Jesus enfrentou essas realidades. Mesmo sendo Deus, ele se submeteu às privações do contexto social no meio do qual ele nasceu. Ele passou por tudo aquilo que as pessoas passam quando elas nascem. Por isso, ele pôde ser o nosso total e suficiente Salvador.

Roteiro de perguntas

1 ? Por que é importante entender que Jesus nasceu?
2 ? O que significa a afirmação de que Jesus nasceu como o homem?
3 ? Qual a importância de saber que Jesus nasceu em um contexto social?

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