O Vinho da Ceia

Segundo os estudiosos, há de modo geral no A.T., duas palavras hebraicas traduzidas por vinho: A primeira palavra: a mais comum é yayim, um termo genérico usado para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não-fermentado. No livro de Neemias, 5.18, quando o próprio Neemias referindo-se a porção diária aos seus hóspedes, diz também que era preparado de dez em dez dias, «muito vinho (yayim) de todas as espécies», isto é, todos os tipos de vinho, fermentados ou não-fermentados. Há passagens bíblicas, que a palavra yayim aplica-se a todos os tipos de vinho fermentados, ou seja, o suco de uva fermentado (Gên 9.20,21; 19.32-35; 1 Sam 25.36,37), este é o tipo de vinho embriagante. A fermentação é processo pelo qual o açúcar do suco de uva, converte-se em álcool e, em dióxido de carbono. Os judeus não bebiam o vinho (yayim) fermentado puro, adicionavam água e outros líquidos para enfraquecê-lo. Ver mais adiante. E, em outras passagens bíblicas, também se usa palavra yayim com referência ao suco doce, não-fermentado, da uva. Podendo referir-se a suco fresco da uva espremida (Is 16.10). O profeta Jeremias até chama yayim o suco dentro da uva (Jer 40.10,12). Há outra evidência que yayim, às vezes, refere-se ao suco não-fermentado, o suco nutritivo da uva; observamos em Lamentações, onde o autor descreve as crianças pequenas (nenês de colo) e as maiores, famintas e angustiadas, clamando às mães, pedindo seu alimento normal de «trigo e vinho» (yayim); sem dúvida, era vinho não embriagante (Lam 2.12). A palavra hebraica yayim é etimologicamente igual ao grego oinos e, ao latino vinus. -> para ver sobre o vinho que deve ser tomado na Santa Ceia.




A Segunda palavra hebraica traduzida por vinho é tirosh, que significa «vinho novo» ou «suco das uvas». Tirosh ocorre 38 vezes no A.T.; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Is 65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Núm 18.12; Deut 11.14 Nee 10.37; Prov 3.10; Joel 2.24). Nota-se, que este tipo de vinho (tirosh) é aquele que Yahweh disse «haver bênção nele» (Is 65.8). A palavra tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho fermentado.



Na Páscoa realizada no Egito não se usou vinho, nem havia ordem alguma da parte de Yahweh para que fosse usado. Portanto, de início, o vinho não fazia parte da refeição da Páscoa, mas foi acrescentado mais tarde. Quando Jesus celebrou a Ceia Pascal pela última vez com seus apóstolos, por conseguinte, o vinho na ocasião estava na mesa e, foi convenientemente utilizado por Ele em instituir a comemoração de sua morte, quando disse «isto é o meu sangue» (Mat 26.28; Mc 14.24). Não podemos determinar quando é que tal prática veio a ser introduzida nas ceias pascais, pois não há no A.T. alguma menção sobre o uso do vinho nestas Ceias. Contudo, cremos que os judeus já usavam o vinho como parte integrante da Páscoa na época do Antigo Testamento. Sem dúvidas, o vinho, tornou-se a bebida indispensável nas Ceias pascais, por duas principais razões, que são:



1) Desde os tempos mais remotos, o vinho, o pão e outros alimentos são freqüentemente mencionados juntos (1 Sam 16.20; Gên 14.18; Cant 5.1; Isa 22.13; 55.1). Sendo do uso comum, «o vinho e pão» representavam o sustento essencial do corpo; por exemplo; Melquisedeque deu «pão e vinho» a Abraão (Gên 14.18-20; Sal 14.15). O vinho era parte integrante de banquetes (Est 1.7; 5.6; 7.2,7,8), de festas de casamento (João 2.2,3,9,10; 4.46), de refeições (Gên 27.25; Ecles 9.7), e de outras ocasiões festivas (1 Crôn 12.39, 40; Jó 1.13,18). Estas referências citadas comprovam o uso comum do vinho pelos judeus. Portanto, fazia jus, o vinho (tirosh) estar presente também na Ceia pascal e, nos sete dias da Festa dos Pães Asmos.



2) O Vinho veio a constituir no emblema apropriado do sangue. O emblema é tão apropriado do sangue que, as Escrituras Sagradas referindo-se ao mosto da uva, tendo em vista, a sua cor rubra, empregam-lhe o nome de «sangue da uva» (Gên 49.11; Deut 32.14). É evidente que, o vinho, foi a bebida adequada, instituída por Yahweh para fazer parte da Ceia pascal. O Senhor Jesus Cristo, na noite em foi traído tomou o cálice de vinho, dando graças, disse; «Porque isto é o meu sangue [simbolicamente], o sangue do Novo Concerto, que é derramado por muitos para remissão dos pecados» (Mat 26.27,28).



Sendo assim, qual era o tipo de vinho usado na semana pascal? Fermentado ou não-fermentado? Sem nenhuma dúvida que, o vinho usado durante a semana da Páscoa, isto é, na Ceia pascal, bem como nos sete dias da Festa dos Pães Asmos, era do tipo «não-fermentado», «não embriagante». Pois, durante a semana da Páscoa, os israelitas não podiam beber líquidos fermentados, nem mesmo provar o pão com fermento. Disse o Senhor Jeová aos israelitas; «Sete dias se comerão pães asmos, e o levedado não se verá contigo, nem ainda fermento será visto em todos os teus termos» (Êx 13.7). Uma vez que o Evento da Páscoa prefigurava o Perfeito sacrifício de sangue, isto é, o sangue incontaminado de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (o Cordeiro de Deus), conclui-se, que não podia haver deturpação naquilo que simbolizava o sangue de Jesus Cristo (Êx 34.25; Lev 2.11; 6.17; 1 Cor 5.7,8). Além disso, aquele que usasse fermento na semana da Páscoa era excluído da convivência entre os filhos de Israel (Êx 12.15,19).



O Preparo do Vinho para a Ceia Pascal



Segundo os dados históricos sobre o preparo do vinho pelos judeus e por outras nações dos tempos bíblicos, mostram que o vinho era: «Freqüentemente não-fermentado» e, em geral, «misturado com água». Entre os judeus dos tempos bíblicos, os costumes sociais e religiosos não permitiam o uso do vinho puro, tanto o vinho fermentado como não-fermentado. Várias proporções de misturas adotadas, eram citadas pelos gregos e romanos. Há menção de uma proporção de «vinte» partes de água para uma parte de vinho; por exemplo; 20 litros de água para 1 litro de vinho. Isto era válido tanto para o vinho velho, fermentado, como para o não-fermentado. O Talmude judaico cita em vários trechos, sobre a mistura de água com vinho. Certos rabinos insistiam que, se o vinho fermentado não fosse misturado com três partes de água e uma parte de vinho, era considerado indelicadeza, não podia ser abençoado e contaminava quem o bebesse. Outros rabinos exigiam «dez» partes de água no vinho fermentado para poder ser consumido. Por exemplo; nos dias do A.T. e N.T., havia vinho de toda espécie, vinhos novos e velhos, simples e mistos, alguns, diretos da uva; outros, fervidos e concentrados; alguns, doces e espessos com mel; alguns, misturados com água e com leite e, outros misturados com substâncias entorpecentes. Desses vinhos, alguns eram fermentados, outros não (Nee 5.18; Prov 9.2.5; Cant 5.1; 8.2; Isa 5.22; Mat 27.34).



O Perigo do Vinho Embriagante. Aquele que está em Cristo, deve abster-se do vinho embriagante. Yahweh declarou expressamente que o Seu povo devia abster-se do vinho (yayim) fermentado e embriagante (Prov 23.29-35; Rom 14.21; Efés 5.18; 1 Tim 3.3; Tito 2.2). «...O vinho [embriagante] é escarnecedor, e a bebida forte, alvoraçadora; e todo aquele que neles errar não será sábio...» (Prov 20.1). A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história de Noé (Gên 9.20-27). Ele plantou uma vinha, fez a vindima, fez o vinho embriagante da uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e a tragédia familiar em forma de uma maldição imposta sobre Canaã, seu neto. O vinho embriagante também contribuiu para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló (Gên 19.31-38). Portanto, concluímos que, o vinho usado na semana da Páscoa, era; «não embriagante» (sem fermentação), e também «misturado com água». Vede sobre «Vinho usado na Ceia do Senhor Jesus».

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