SANTIFICAÇÃO: CONSTANTE QUEBRA DE PARADIGMAS!

Jeremias diz que se um negro da Etiópia conseguir ficar branco por si mesmo, ou se um europeu conseguir ficar preto de si mesmo, ou se um tigre conseguir arrancar as suas manchas — então, estando o homem acostumado a fazer o mal, conseguirá fazer o bem [13:23].

Ou seja: o arraigar do hábito é feito de costume, de rotina, de repetição, de condicionamento espiritual, psicológico e neural; o qual altera o espírito, passa a designar as pulsões da alma, e, também, molda o cérebro, mexendo assim por completo na constituição do homem.

Assim o homem é aquilo a que se habitua, se acostuma; pois, no costume, cabe tudo; até mesmo a dor sentida como necessidade espiritual, psicológica e cerebral; posto que pela rotina e repetição perversa, novas constituições se desenvolvem na pessoa, a ponto de alterá-la muitas vezes para sempre.

Temos uma constituição natural dada à competição, à conquista, à supremacia, e, sobretudo, aos sentimentos da guerra e do enfrentamento.

Coisas do “mamífero sofisticado” pelo egoísmo que transcende a necessidade.

Some-se a isto o caldo cultural e sua acumulação de camadas e camadas de história viciada em nome da cultura ou do “nosso modo de ser”, ou de nosso “way of life”.
E, além disso, adicione o curso deste mundo, com seu volume extraordinário de indução, sugestão e tirania.
Ainda mais que isto:

Adicione também a percepção de que tudo isto origina arquétipos coletivos que são “comidos” pelos Principados e Potestades espirituais, e, por eles, a nós devolvidos de maneira agigantada, para serem por nós incorporados à cultura, e, por meio dela, transmitidos a novas gerações que, por sua vez, superlativizarão o caldo que lhes for contemporâneo e, acima dele, adicionarão novas camadas às já existentes, tornando o processo sempre e constantemente piorado, até quando melhora em alguns tópicos.

Ora, isto feito, nós temos uma macro-visão dos poderes que influenciam os nossos hábitos e costumes.


No entanto, tais macro-realidades se efetuam em nossas existências mais eficazmente através das alterações que os maus costumes produzem na herança genética — maus hábitos familiares podem mudar até os genes, pela repetição, geração após geração —, as quais a cultura estabelece como modelos de ser para a família e para o individuo.


É por isto que Jeremias nos diz que se o costume for o de fazer o mal, então, o fazer o bem será uma façanha tão grande quanto auto-determinar a cor da pele ou possuir a capacidade que o tigre não tem de tirar de si mesmo as próprias manchas características.

Ora, Jesus, no entanto, dedicou-se aos que eram justamente os imutáveis de Seus dias e à Sua volta.

Sim! Ele julgou que o mau costume dos publicanos e pecadores comuns era ainda muito mais maleável do que o mau costume dos religiosos, os quais, pela repetição constante do mesmo padrão, séculos afora, eram agora os seres fixos na maldade, visto que eles carregavam os genes e a cultura [“nossos pais”] dos que mataram todos os profetas antes deles.

Quando Paulo nos apresenta o seu pedigree judaico, mostrando-nos a genuinidade genética, religiosa, cultural e espiritual de sua constituição como ser histórico, e diz que considerava tudo como refugo, como um adubo, a fim de que ele crescesse e desse fruto no chão da Graça de Deus em Cristo —, por outra via também nos declara acerca da impossibilidade humana de que um homem com sua carga, com seu caldo, com seus vícios mentais, e com seus hábitos arraigados por séculos de transmissão do mesmo espírito, geração após geração, pudesse de si mesmo mudar a própria pele ou tirar as próprias manchas.


Alguém pergunta:


Somente uma Patada Divina no meio do peito é que faz um homem, à semelhança de Paulo, poder mudar?


Sim! O paradigma de ser já era completamente constitutivo do ser de Paulo, somente por uma intervenção traumática poderia ser quebrado como crosta milenar.



“Nascido fora de tempo”, diz ele; ou: “nascido de trauma”.

Entretanto, uma vez quebrada a crosta pela via do arrependimento como consciência, então, começa o processo de recondicionar todo o ser ao novo padrão, ao Novo Homem, que se renova segundo Deus.


Ora, Paulo diz que esse é um processo permanente, e que vai de aplicativos grotescos, como: “aquele que roubava não roube mais, aquele que mentia, não minta mais” — aos processos sutis de discernimento diário acerca das ilusões do curso deste mundo, ao investimento intenso e prioritário na busca de uma checagem ininterrupta do nosso próprio olhar, submetendo nossa mente a uma “renovação” constante, a qual garantirá nosso crescimento na direção da instalação do bem como vontade natural do espírito refeito segundo o entendimento dado pelo Evangelho.

É a tal processo que o Novo Testamento chama “santificação”.

ASSIM, santificação é o processo de quebra do velho e adoecido padrão, e que nos leva a adotarmos novos costumes para a vida, até que eles se tornem padrões instalados e manifestos cada vez mais naturalmente como prática do que Jesus chama de bem para a vida.

Nele,

Caio

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